desde 10/2009

Pesquisar este blog

Revista no Século XX


O conceito de mulher urbana como atração das revistas ilustradas foi largamente explorado pela cultura do divertimento.
Na ausência de outros recursos a expressão gráfica esteve em destaque, pois, cotejando os veículos de variedades da época, independentemente da origem e de maneira aleatória, pode-se depreender que dialogaram e que houve intercâmbio entre os designers que atuaram binacionalmente (em razão das circunstâncias) e contribuiram para expandir o glamour e o mercado editorial.
A capa era uma espécie de embalagem para os magazines, já empregada como estratégia envolvente, exercia as funções de elemento surpresa, provocando o curiosar, e de chamariz, despertando interesse no público que buscava complementar sua vida intelectual com novidades e distração.
Ao invés de matérias de capa as publicações apontavam peculiaridades de uma new woman, enquadrando-a com charme, graciosidade, delicadeza, elegância, formosura e flerte, com o objetivo de conquistar leitores, ocupando-se em traduzir graficamente o zeitgeist.
Mesmo trazendo parcas manchetes, a sedução ficava por conta não só da imagem ou do tema e costumes sugeridos (bicicleta, chapéu, mascotes, pérolas, piteira, praia, raquete de tênis, telefone), como do jogo oferecido pelo título, em metamorfose contínua, ou seja, cada exemplar era fremente, imerso numa identidade visual líquida, com tratamento requintado quanto ao type e posicionamento diferente, caracterizando assim versatilidade, inconstância e possibilidades infinitas de trabalhar as formas.




A Cigarra by Erico
Ellas e Singerman by J. Carlos

1ª Metade do Século: 'Life' acena com a tendência, pelo traço de Gibson.
Década de 10: 'Judge' faz alusão à melindrosa.
Anos 20, Belle Époque Tropical e Entre-guerras: 'Revista da Semana' adere à moda e apresenta girls enfeitadas. 'The New Yorker' registra o comportamento feminino. 'Madrugada' absorve tal estética gráfica, por Sotero Cosme. 'ABC' adota artifícios similares, sob a batuta de Barradas. 'Fon-fon!' deixa à mostra o pega-rapaz, correspondendo ao penteado padrão. Pagú realiza croqui de Tarsila, seguindo linha semelhante. 'A Cigarra' estampa caras e bocas, sob autoria de Erico; 'Revista do Globo' acompanha também este espírito, através de João Fahrion e, J. Carlos desenha Ellas, imbuído pelo culto à beleza dos concursos que começavam a despontar, assim como caricaturiza Berta Singerman.
30s: 'Vogue' se insere neste contexto cultural, by Carl Erickson.
40s: 'Cosmopolitan' segue o estilo, por Bradshaw.
70s, Milagre Econômico e Anos de Chumbo: Outro hiato e pelas mãos de Mottini a sensualidade é retomada, pois, inspirado no ícone Bardot, cria a personagem Ipirela, garota-propaganda responsável por difundir nacionalmente a marca sulina Petróleo Ipiranga.